INTRODUÇÃO


Há muito, o câncer está entre os recordistas nacionais e mundiais de morte, seqüelas e, acima de tudo, sofrimento arrastado imensurável e mal assistido, mormente por profissionais não capacitados ou especializados em centros gerais também sem os cuidados humanizados e técnicos específicos para estes pacientes reféns do câncer. Na fase adulta, as mulheres representam a maior parcela desta lamentável realidade, lutando contra os freqüentes cânceres de mama, colo uterino, ovário, endométrio e útero, cólon e reto, estômago, tireóide, pâncreas, pulmão, pele, sarcomas, linfomas, etc.

Em pleno século XXI e em plena regional moderna brasileira, o paciente com câncer por aqui carrega o estigma da sua doença em meio a enfermarias sucateadas, não especializadas e desordenadas, sem uma equipe multidisciplinar exclusiva com fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogas, assistentes sociais, oncologistas, além de estarem alojados junto aos demais pacientes com doenças infecciosas graves, traumáticas e traumatizantes. Essa situação, com freqüência, é agravada pela falta de definição, dentro do setor saúde, sobre o caminho prático e objetivo a ser seguido pelo paciente desde a primeira queixa até o diagnóstico e tratamento especializado.

Para que se alcance a melhoria dos índices de morbi-mortalidade por câncer é necessária a combinação de ações preventivas, de promoção e proteção à saúde, dando especial atenção às providências para realizar diagnósticos mais precoces e pronto tratamento com um fluxograma prático, objetivo e real, de preferência na mesma Instituição.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, o câncer é a segunda causa de morte por doença da população, perdendo pouco apenas para as doenças do aparelho circulatório. Vivemos praticamente uma epidemia dessa doença em nossa região também. Boa parte deste cenário explica-se pelo aumento da expectativa de vida, resultado das grandes transformações globais das últimas décadas, que alteraram a saúde dos povos pela urbanização acelerada, acesso aos meios diagnósticos e terapêuticos, novos modos de vida e novos padrões de consumo.

São estimados aproximadamente 20 milhões de casos novos de câncer e 12 milhões de mortes decorrentes do mesmo no mundo para 2020 (UICC, 2005). E até 2020, praticamente todas as famílias do mundo terão, pelo menos, um caso de câncer! Apenas em 2004, o Brasil registrou 141 mil óbitos por câncer. O SUS registrou 423 mil internações por neoplasias malignas em 2005, além de 1,6 milhão de consultas ambulatoriais em oncologia. Os gastos federais em assistência oncológica passaram de R$ 570 milhões em 2000 para R$ 1,6 bilhões em 2005, um aumento de 103% neste período. As estimativas do INCA para 2010 são de meio milhão de casos novos de câncer diagnosticados no Brasil e quase 140.000 só no Estado de São Paulo! (Tabelas 1) A incidência maior é nas mulheres. Em nossa região, houve mais de 20.000 casos novos de câncer em 2007, com aproximadamente 8.000 mortes.

Considerando-se que a nossa Divisão Regional da Saúde – DRS VII (mais de 50 municípios!) é a maior e mais populosa do interior do Estado de São Paulo e do interior do Brasil também, essa obedece a tendência epidemiológica da nação, descrita em epígrafe. Apesar disso, não temos nosso hospital de referência integral e exclusivo para o tratamento, diagnóstico e prevenção do câncer, assim como têm as Regionais menores do interior do Estado de São Paulo: Barretos, Jaú, Franca, Presidente Prudente, Sorocaba, Piracicaba, Jales, Fernandópolis, etc...! Por isso é que continuamos afogando o Hospital de Câncer de Barretos já super-lotado, dentre outros, enviando mais de 3.000 atendimentos para lá anualmente de pacientes oriundos da nossa regional, da qual Barretos, infelizmente, não é para ser a referência! (Tabelas 2).

Tendo em vista a limitada capacidade estrutural e administrativa que os Prestadores de Serviços em Oncologia locorregionais têm demonstrado em prestar acolhimento desta natureza aos pacientes com suspeita de câncer no fluxograma de investigação diagnóstica, determinando um retardo na abordagem terapêutica, fator fundamental na apresentação avançada da doença e seu conseqüente prognóstico reservado, torna-se indispensável a criação de um centro de referência regional Diagnóstica, Terapêutica e Cuidados Paliativos integrado, humanizado e acessível a todos pacientes oncológicos carentes da nossa grande região (DRS VII).

Diante desse cenário, fica clara a necessidade de continuidade em investimentos no desenvolvimento de ações abrangentes para o controle do câncer, nos diferentes níveis de atuação, como: na promoção da saúde, na detecção precoce, na assistência aos pacientes, na vigilância, na formação de recursos humanos, na comunicação e mobilização social, na pesquisa e na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS).

Vindo contra esta mórbida realidade e munidos de profícua vontade de assistir estes pacientes dia-a-dia de maneira exclusiva e diferenciada, apresentamos o presente Projeto de criação do Hospital de Câncer Regional (Regional de Campinas – DRS VII) – como uma Entidade Filantrópica Sem Fins Lucrativos.

2 comentários:

  1. Mto obrigado...!!!...
    Vamos divulgá-lo p/ conquistarmos os tão difíceis e necessários políticos e sociedade...!!!...

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