AMADURECIMENTO DO CIRURGIÃO MÉDICO

Na Academia, nem há o domínio da responsabilidade ou noção da magnitude inigualável que ostenta um diploma médico após uma carga de estudo e dedicação que nenhum outro curso superior comporta e nem, muito menos, da mágica e quase Divina responsabilidade do poder de curar ou aliviar, sem perdão humanitário ao vacilo humano às limitações inerentes à Medicina e ao Homem!

Depois, vem a fase de inseguranças misturadas à ilusória sensação de poder diante a enfermidade.Sabe como faz, mas não saberia praticar talvez. Conhece a derrota, mas acha ser o autor de vitórias imediatas em prol do bem estar do seu amigo doente, do descanso de ambas as almas (do tratado e do tratador) e do reconhecimento das sociedades civil e médica! Do gigante despenca-se à formiga frustrada, mal reconhecida, mero profissional humano, já não mais um sacerdote onipotente, sem medalhas, com fístulas amargas em seus pacientes, em sua consciência e em seu coração começa a perceber que seus esforços são melhores emplacados em vida a ser vivida, mesmo que bem curta e barata, e não apenas em sofisticados dias de vida cruéis sem o mínimo de qualidade a ser desfrutada proficuamente. Entende que a Distanásia anda à solta destruindo por aí., que a Eutanásia ainda é manchete sensacionalista e que a Ortotanásia é um mistério aos Semi-Deuses.

Já e ainda no crepúsculo, floresce a hemostasia sobre a impotência médica e humana, mesmo que grandes gotas sangrem para sempre no peito do MÉDICO latu sensu! Vem à percepção, de que não é o juiz entre a vida e a morte, embora seja, inarravelmente, o Co-Autor que alcançou o sagrado direito de julgar o destino imediato do seu semelhante refém da doença grave. Uma inestimável responsabilidade, junto ao nobre e digno tratamento científico, para a qual, infelizmente, muitos não estão à altura, pois para isso é preciso ter tido o berço familiar e acadêmico da ética, do exemplo prático e do amor ao ser humano humanidade. Eis o Homem, as diferenças tão complexas e tristes indiferenças desse ser volúvel, vulnerável. Eis a Medicina, um Calvário, mas sempre bela e gratificante para seus incondicionais fiéis e amantes. Eis o raro Cirurgião, que cortando com humilde lâmina afiada cicatriza feridas. Eis o raro Médico, que doando-se com humilde e não servil arte científica ímpar transplanta almas e vidas!


Dr. Pedro Ricardo Fernandes


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